domingo, 23 de novembro de 2008


A UM SONHADOR

Observo o teu rosto pálido e tranqüilo
Junto à luz solitária de uma vela;
A borda escura das pálpebras, sob a qual
O olho dorme, alheio a este mundo.
E, olhando-te, quisera conhecer
As veredas por onde o sonho te conduz.
As fantasmais regiões que com olhos velados
Nem tu nem eu, de aqui, podemos ver
Pois também eu, dormindo, contemplei
Coisas que agora só a memória guarda;
Nesta semiconsciência anseio olhar de novo
Os cenários que a ti apenas se desvendam.
Também eu conheci os altos cimos de Thock;
E os vales de Pnath, de oníricas formas cheios;
E as catacumbas de Zinn... Por isso entendo bem
Porque desejas tu que a vela fique acesa.
Mas...que coisa é essa que subtilmente corre
Sobre o teu rosto e os teus barbados lábios?
Que medo te perturba o coração e a mente
Que até a tua fronte já de suores se perla?
Velhas visões despertam... E os teus olhos abertos
Brilham, negros de nuvens de outros firmamentos;
E como se o fizera por demoníaca mirada
Vejo-me a esvoaçar através da noite encantada.

{HP LOVERCRAFT}

Nenhum comentário: