terça-feira, 25 de novembro de 2008

(Carlos Drummond de Andrade)

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?

E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José !

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
José, pra onde ?


Esse poema é a síntese da nossa atual comunidade...... genial[x]


KI_MUNDO_LOKO....


Ki Mundo Loko, a cada dia que se passa penso

já ter visto de tudo, mas....... o mundo volta a

me surpreender com uma nova loucura ou tecnologia

penso que estamos paranóicos demais por capital e informação

mas nos julgamos normais...... KI_MUNDO_LOKO ESSE O NOSSO....


OS MELHORES ANIMES QUE JÁ VI.......













domingo, 23 de novembro de 2008


A UM SONHADOR

Observo o teu rosto pálido e tranqüilo
Junto à luz solitária de uma vela;
A borda escura das pálpebras, sob a qual
O olho dorme, alheio a este mundo.
E, olhando-te, quisera conhecer
As veredas por onde o sonho te conduz.
As fantasmais regiões que com olhos velados
Nem tu nem eu, de aqui, podemos ver
Pois também eu, dormindo, contemplei
Coisas que agora só a memória guarda;
Nesta semiconsciência anseio olhar de novo
Os cenários que a ti apenas se desvendam.
Também eu conheci os altos cimos de Thock;
E os vales de Pnath, de oníricas formas cheios;
E as catacumbas de Zinn... Por isso entendo bem
Porque desejas tu que a vela fique acesa.
Mas...que coisa é essa que subtilmente corre
Sobre o teu rosto e os teus barbados lábios?
Que medo te perturba o coração e a mente
Que até a tua fronte já de suores se perla?
Velhas visões despertam... E os teus olhos abertos
Brilham, negros de nuvens de outros firmamentos;
E como se o fizera por demoníaca mirada
Vejo-me a esvoaçar através da noite encantada.

{HP LOVERCRAFT}

Época de Natal

Os raios de luz na lareira da cabana aquecem-se e brilham,
As velas incandescem alegremente;
As estrelas emitem uma luz generosa
Sobre a neve amontoada.
Abaixo do céu um feitiço rouba
A agradável passagem do ano,
Assim como os campanários cantam com joviais repiques,
Porque aqui é Época de Natal!
{HP LOVERCRAFT}
A emoção mais forte e mais antiga do homem é o medo, e a espécie mais forte e mais antiga de medo é o medo do desconhecido. Poucos psicólogos contestarão esses fatos e a sua verdade admitida deve firmar para sempre a autenticidade e dignidade das narrações fantásticas de horror como forma literária" - Howard Phillips Lovecraft, "O Horror Sobrenatural na Literatura". {H.P LOVERCRAFT}

H.P LOVERCRAFT



Os Gatos



Babéis de blocos que se elevam para os céus,
futilidade a arder em chamas junto ao chão;
sobre cada tijolo ou pedra um fungo mau;
lâmpadas a oscilar e luz na escuridão.
Por sobre rios de óleo hediondas pontes negras,
cabos que em profusão de redes se entretecem;
profundezas de caos cuja desordem mana
fluxos que, à luz do sol, fétidos apodrecem.
Esplendor e matiz, doenças e decadência,
uivos, gritos, clamor e um rastejar insano;
exóticas ralés orando a estranhos deuses;
misturadas de odor que à mente causam dano.
Legiões de gatos que das vielas noturnais,
furtivos, a gemer para o clarão da lua,
plangendo dos jardins de Pluto a cantilena,
exprimem o futuro em gritos infernais.
Compridas torres e pirâmides ruinosas,
vôos de morcegos sobre ruas que a erva esconde,
pontes nuas de Arkham erguidas sobre rios
que fluem em silêncio enquanto essa horda ronde.
Campanários que mal se sustentam ao luar,
bocarras de antros pelo musgo recobertas;
e, para responder ao vento e à água, só os gatos
que vagueiam, a miar, tais paragens desertas.